Psicomotricidade com Cavalos

Psicomotricidade envolve duas vias, ou em termos de energia, duas direções de troca de energia em relação aos mundos interno e externo do indivíduo.

Quando essa energia tem a direção de “dentro para fora” do indivíduo, estamos nos referindo a energia de extroversão.

No caso da psicomotricidade onde o movimento corporal é visto como o principal mediador entre os mundos externo e interno, podemos dizer que essa energia se manifesta, dentre outras formas, no movimento corporal, que neste caso é chamado de “Movimento Expressivo” ou “Movimento Simbólico”.

Quando essa energia tem a direção de “fora para dentro”, estamos nos referindo a energia de introversão. Neste caso, todos os estímulos provenientes do mundo externo são energias de introversão. Estas atividades psicomotoras são então, na perspectiva do aluno, atividades que são estimuladas pelo mundo externo e que serão, de alguma maneira, absorvidas pelo seu mundo interno.

Numa relação professor-aluno, o professor tem o papel de observar e permitir a  livre expressão do aluno, bem como, estimular e/ou propor atividades psicomotoras, e o aluno exerce o papel de se expressar (processo espontâneo) e ser estimulado a promover as transformações internas provenientes dos estímulos recebidos, que se forem adequados, promoverão o desenvolvimento integral do aluno.

Embora numa relação-professor aluno, cada indivíduo tenha o seu papel (um exerce o papel de aluno e o outro indivíduo o papel de professor-terapeuta), ambos são indivíduos que estão trocando energias nas duas vias, simultaneamente, portanto independentemente do papel de cada um, ambos estão sendo fonte de estímulos ao outro, e ambos estão sendo receptivos e transformações estão sendo promovidas por cada indivíduo participante da relação professor-aluno.

Uma das maneiras de direcionarmos essa energia extrovertida ao outro ou ao mundo externo, é através da atenção. Quando prestamos a atenção no que o outro está falando ou fazendo, por exemplo, direcionamos com maior força e intensidade a nossa energia àquilo que nos chama a atenção, ou seja, podemos dizer que concentramos nossa energia naquilo, que por sua vez, tira do foco outras coisas que podem passar despercebidas, pelo menos a nível consciente.

Podemos dizer em outras palavras que estamos concentrados, e estar concentrado é dirigir nossa atenção direcionando nossa energia para um determinado foco.

Concentrar nossa energia psíquica em algo depende de nossa vontade e esta vontade pode ser conduzida pela nossa consciência. É algo então está ao nosso alcance, controle e domínio.

Para que uma relação professor-aluno seja mais eficaz possível então, é importante, diria imprescindível mesmo, que o professor esteja concentrado o tempo todo em seu aluno e no processo de troca de energias que acontece.

É preciso estar consciente “no agora”, naquilo que está acontecendo “no agora” no relacionamento professor-aluno. Isso exige concentração o que implica em gasto de energia, por isso é importante para o professor, se conhecer e saber quando está ficando exaurido e que precisa de um tempo para se recuperar, mesmo que seja, soltando sua mente para descansar nas fantasias (pensamento não dirigido), para que volte ao seu relacionamento professor-aluno com sua melhor qualidade de concentração.

Resumindo, vemos que na relação professor-aluno há uma imensa, intensa e constante troca de energia, e para que essa troca produza os efeitos desejáveis desta relação, é necessário que o professor esteja o tempo todo concentrado no agora da relação professor-aluno. Também vimos que estar concentrado depende da vontade que está sob o domínio e controle da consciência.

PSICOMOTRICIDADE COM CAVALO

Numa atividade psicomotora com cavalo, o que era antes uma relação professor-aluno se amplia para uma relação professor-aluno-cavalo.

Toda troca de energia entre dois indivíduos na relação professor-aluno, agora se amplia para a relação professor-aluno-cavalo.

Pode ser que nesta relação tenhamos mais indivíduos envolvidos diretamente, que possuam conhecimentos sobre cavalos.
Da mesma maneira que antes, cada indivíduo desta nova relação tem o seu papel, que deve estar bem claro para cada participante.

O Professor é o comandante onde lhe cabe coordenar a relação, sempre tendo em mente o objetivo que deseja buscar, que é o desenvolvimento integral de seu aluno.

Cabe ao professor todas as benesses desta oportunidade única de promover o desenvolvimento de seu aluno através da relação professor-aluno-cavalo. Mas também lhe cabe a responsabilidade de coordenar e conduzir este trabalho com eficácia e segurança.

Uma das coisas mais importantes para o professor, é estar concentrado na atividade, na condução, na relação e, principalmente, no aluno.

A atividade psicomotora com cavalo não é um passeio a cavalo, que pode se tornar em algo mecânico se o professor, bem como os demais participantes, perder o foco e concentração.

O CAVALO


Numa visão sistêmica, nenhum dos participantes tem um papel secundário em relação a outro. Desempenhar papéis diferentes não implica em dizer que um é mais importante do que o outro, mas sim dizer que, simplesmente, cada um tem o seu papel, e a participação do cavalo não se restringe a uma condução mecânica do aluno, mas que participa efetivamente na troca de energia com o aluno e com o grupo, que se torna então, um grupo só, um único sistema.

A relação de todos os participantes com o cavalo deve ser de uma maneira tal, a se criar um vínculo afetivo entre todos, de forma a permitir que a troca de energia seja na melhor intensidade e qualidade possível.

Esta relação não se restringe, portanto, somente quando o aluno está montado no cavalo e quando este está em movimento, o que pode parecer para alguns, equivocadamente, como objetivo da atividade. O objetivo da atividade psicomotora com o cavalo não é “andar a cavalo”. Só lembrando, o objetivo é o desenvolvimento integral do aluno num grupo de relação, de troca de energia, onde temos os participantes humanos e o cavalo.

Então a relação começa muito antes de se montar no cavalo, quando todos os participantes do grupo devem se aproximar do cavalo com suavidade e delicadeza, como numa relação onde se está conhecendo o outro e criando aos poucos, uma relação de confiança, respeito e afetiva.

lino

 Prof. Lino Azevedo Júnior

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