Porque anotar os sonhos?
Acabei de acordar e tive um sonho muito interessante, daqueles que, se tivesse que imaginar uma cena daquelas, acordado, teria que ter muita imaginação, mas foi um sonho bem criativo e ao mesmo tempo muito bom, pelo menos foi essa a sensação que ficou.
Também fiquei com a sensação de que muita coisa foi resolvida naquele sonho, já que tem sido esse o meu propósito.
Logo que acabei de sonhar, embora tivesse papel e caneta ao lado da cama, pois é de meu costume anotar os meus sonhos, nesta ocasião, especialmente, não o fiz.
Meio sonolento fui e voltei do toilet curtindo os efeitos do sonho, pois na verdade já não conseguia lembrar mais o que tinha sonhado.
Foi aí que me veio uma questão. Será que, se lembrar do sonho faz com que os seus efeitos sejam potencializados?
Como essa questão não saía da minha cabeça comecei a escrever e me propor a pesquisar sobre o assunto, ali mesmo, nos meus arquivos psíquicos.
Sabemos que o sonho tem um papel importante para o nosso desenvolvimento.
O sonho traz à consciência conteúdos psíquicos em forma de símbolos.
Símbolos são como metáforas, ou seja, eles sempre nos revelam uma parte do seu significado mas nunca o todo. Por mais que compreendamos o seu significado sempre haverá algo a ser compreendido.
Podemos através da análise pela consciência, ir desvelando o símbolo que nos chega, mas nunca poderemos desvelá-lo por inteiro, pois caso isso pudesse acontecer, ele deixaria de ser símbolo.
Seria uma mensagem totalmente conhecida, o que não é o caso do símbolo.
No símbolo a mensagem sempre terá algo a ser revelado que está, naquele momento, velada.
A minha curiosidade em saber se a lembrança do sonho, ou seja, se quando conseguimos contar à alguém o sonho que tivemos, ou mesmo, descrevê-lo nem que for para nós mesmos, escrevendo-o, por exemplo, num papel, daria ao sonho uma potencia funcional maior, ou seja, será que ele ficaria mais eficaz em sua função de promover o desenvolvimento do sonhador?
Será que só o fato de conseguirmos descrever novamente, faz com que o sonhador possa tirar maior proveito desta tão importante função psíquica?
Deitado em minha cama, refletindo e escrevendo sobre as experiências que tive em relação ao meu recente sonho, parece que neste caso, mesmo sem me lembrar do sonho, este teve um importante empreendimento educativo e elucidativo para mim, ao trazer esta questão.
“Preciso compartilhar isso, pois me parece muito importante” – penso enquanto escrevo.
Estar consciente sobre os conteúdos do inconsciente, ou em outras palavras, tornar consciente conteúdos de si mesmo que são inconscientes, é um processo natural e importante para o desenvolvimento integral do individuo, ou como preferimos dizer, para a sua individuação.
Isto é importante, pois na medida em que, ao mesmo tempo que aumentamos o autoconhecimento, também reelaboramos conteúdos que nadavam autônomos e longe da iluminação da consciência, muitas vezes gerando desequilíbrios à individualidade pelo simples fato de notarmos sua presença mas não identificarmos quem realmente são, do que se trata, o que querem, qual a sua natureza…
Assim, imaginamos fantasmas que nos aterrorizam, por vezes, feito uma criança que percebe assustada um barulho estranho vindo do quarto escuro.
O sonho revela a face do conteúdo assustador, feito o adulto que ascende a luz do quarto e mostra à criança assustada que o barulho nada mais é, simplesmente, do que a janela aberta batendo com o vento.
Conseguindo reproduzir o sonho depois, o sonhador deixa claro para si mesmo do que se trata, de como foi de fato o sonho. Não fica alguma coisa vaga onde podemos acrescentar ao já complexo simbolismo do sonho, a nossa fantasia.
Isso oferece um caminho à consciência a ser trilhado.
Isso não implica que consigamos desvelar o seu significado, mas a porção do símbolo agora iluminada pela consciência, consegue saber que, por aquele caminho há algo importante a ser revelado, há um mistério a ser desvelado.
Muitas vezes essa sutileza do sonho, de não ir direto ao assunto, mostra um cuidado do Indivíduo em sua totalidade (Eu-Sou) em revelar aos poucos à criança assustada (Ego = Eu-Estou) do que se trata, pois se revelado de uma só vez, poderia causar tamanho choque que à criança talvez não pudesse suportar, gerando um efeito traumático e não curador a que se propõe o sonho.
Se adotarmos o hábito de colocar um caderno e uma caneta próximos a cama, de maneira que possamos anotar o sonho na própria cama (muitas vezes quando nos mexemos muito, se tivermos que levantar para pegar uma caneta, por exemplo, acabamos por esquecer o sonho), podemos reler o sonho no dia seguinte ou quantas vezes quisermos, assim, com o tempo, teremos uma seqüência de sonhos, que aos poucos nos vão fazendo sentido, e quem sabe, quando estivermos prontos, alguma intuição possa esclarecer uma porção mais profunda e ampla do símbolo.
Revelada uma porção profunda deste símbolo, estaremos aptos a nos aprofundar em porções mais profundas deste símbolo, e de outros, e de outros, trazendo à consciência, cada vez mais, porções desconhecidas mergulhadas em nosso inconsciente.
Anotar os sonhos então é uma maneira importante de fixarmos na consciência uma porção do símbolo que a totalidade de nosso Ser quer nos comunicar. Vale a pena!
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Sugestão de vídeo sobre “A FÍSICA QUÂNTICA DOS SONHOS LÚCIDOS E A MODELAGEM DA REALIDADE”
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