Inclusão Escolar no Brasil
Quando se iniciou o movimento de “inclusão escolar” no Brasil, os professores se viram diante de alunos que não estavam acostumados a lidar.
Diante deste novo desafio foram buscar conhecimento naqueles profissionais que já tinham experiência e conhecimento sobre essas pessoas, ou seja, foram se socorrer nos profissionais da saúde, focando mais especificamente no Médico, esse profissional.
Embora com legítima motivação, o Professor acabou provocando uma confusão sobre como olhar seu aluno, pois passou a identificá-lo e caracterizá-lo como o Médico o faz. Em outras palavras, o Professor passou a olhar para seu aluno, também, como o Médico olha para o seu paciente.
Ora, o Médico faz diagnósticos para justificar e prescrever tratamentos, além de, para se comunicar com seus pares. E para o Professor? Para que serve um diagnóstico clínico? A princípio não serve para nada, a não ser que consiga obter alguma informação que o ajude na Avaliação Pedagógica de seu aluno e a justificar seu Plano de Trabalho Pedagógico.
Muitos Professores acabaram por ficar tão envolvidos com a área Médica que passaram até a falar como Médicos, usando termos específicos da área clínica e que fazem parte de um repertório dos profissionais da saúde.
Muito destes termos não fazem parte do repertório da Educação, criando uma impressão que tais Professores detêm um conhecimento erudito sobre “alunos especiais”, mas poderíamos questionar até que ponto certas informações fazem parte do campo da Educação e quais destas são úteis para o processo educacional.
Podemos questionar, como exemplo, no que auxilia o Professor em sua prática pedagógica do dia-adia, saber que a trissomia 21, a chamada síndrome de Down, é uma condição cromossômica causada por um cromossomo extra no par 21???
Este movimento causou certa submissão dos Professores aos Médicos, mediante a falsa impressão que um profissional sabe mais que o outro. Na verdade, os dois profissionais sabem o que é peculiar de suas áreas, sem uma hierarquia, “cada um no seu quadrado”!
Para se ter uma ideia desta influência, em certas redes de ensino, para que a Professora da Educação Especial possa atender um aluno, ela precisa de um diagnóstico médico!
Quem autoriza a Professora a atender um aluno dentro de sua Escola é um Médico.
Já presenciei Professoras convencidas da necessidade do atendimento a determinado aluno pela Professora da Educação Especial, saírem da Escola a procura de um laudo Médico que a autorizasse atender seu aluno dentro de sua escola!!!
Agora pasmem!!!, quem fez essas regras foram os próprios Professores. Ora, quem deve decidir na Escola, quais alunos devem ser atendidos pela própria Escola, são os Professores, e não um profissional de outra área e de fora da Escola!!!
O mesmo ocorre com a terminologia que é atribuída aos alunos. Os alunos classificados como especiais são nomeados conforme seu diagnóstico clínico, ou seja, conforme o diagnóstico que recebeu de um Médico.
Assim, em vez da Professora ter um aluno chamado João, passou a ter um aluno Autista. Em vez de ter uma aluna chamada Maria, passou a ter uma aluna com Síndrome de Down. Em vez de ter um aluno chamado José, passou a ter um aluno com TDHA, ou seja, com Transtorno de Défict de Atenção e Hiperatividade.
Essas classificações, que são úteis na área clínica, são questionáveis quanto a sua utilidade e podem se tornar discriminatórias na escola, pois como resultado da classificação das pessoas em grupos, na verdade estamos separando-as com pertencentes a grupos diferentes contribuindo com uma cultura separatista, e na pior das hipóteses, pode-se criar uma animosidade entre grupos.
Visando minimizar estes efeitos e procurando uma saída para se referir aos seus alunos, a Educação optou por nomear alunos com diagnóstico de autista, por exemplo, por alunos com condutas típicas de autismo.
Melhorou um pouco, no sentido de que a Educação está procurando termos que se referem à sua área de atuação, ou seja, próprios da Educação, mas que ainda continua a classificar, separar e discriminar.
Se partirmos do princípio de que cada aluno possui uma dimensão coletiva e uma singular, iremos concluir que é um equívoco tentar classificar os alunos, pois cada um é único.
Se cada aluno é único, precisamos procurar entender cada um em suas necessidades, potencialidades e nas suas características específicas, visando promover da melhor maneira possível o desenvolvimento integral desse aluno.
Desta maneira não faz sentido nem classificar e nem promover a inclusão escolar, pois quando propomos incluir é porque admitimos que a exclusão existe.
O ideal seria um processo natural em aceitar qualquer aluno, independentemente de como ele se apresenta e chamá-lo pelo nome, procurar compreendê-lo profundamente e sistematicamente para promover a educação, ciente desta específica e nobre missão do Professor.
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