O Ego, a Persona e a Sombra

Ego ou Eu são palavras que dão significado a um mesmo fenômeno: ao núcleo da personalidade consciente do indivíduo.

O indivíduo em sua totalidade pode ser descrito didaticamente como sendo composto por: Corpo + Ego + Inconsciente + Centro. A este fenômeno podemos chamar de Individualidade.

 

 

Ao “Ego-Corpo” podemos chamar de “Pessoa”. Assim quando nos referirmos àquela “Pessoa” estaremos nos referindo a esta dupla “Ego-Corpo”.

A Pessoa não é a mesma coisa que Indivíduo.

A Pessoa é uma expressão ou manifestação da Individualidade ou Indivíduo.

Em outras palavras, podemos dizer que, aquilo que vemos na Pessoa, ou seja, o seu corpo e a sua personalidade, são somente uma porção mais “visível” da Individualidade.

Também podemos representar a Individualidade conforme o símbolo abaixo.

 

 

Desta maneira podemos visualizar de maneira didática como ficaria a relação do indivíduo com o “mundo externo”. O mundo externo se refere a tudo o que está “fora” do Indivíduo, como as outras pessoas, os animais, a natureza, os objetos fabricados pelos homens e a cultura.

Também desta maneira, podemos chamar de “mundo interno” tudo o que está “dentro” do indivíduo. Se considerarmos a pele do corpo humano como o divisor entre o mundo interno e o mundo externo e caminharmos em direção ao Centro, teremos então o “Corpo humano Ego Inconsciente Centro”.

 

 

Também podemos dizer que o principal mediador do Indivíduo (Mundo Interno) com o Mundo Externo é a dupla Corpo-Ego.

 

PSICOMOTRICIDADE

Por mais limitada que uma pessoa possa estar em relação aos seus movimentos corporais, sempre, algum movimento ela realizará.

Então na perspectiva da Psicomotricidade, a relação do mundo interno com o mundo externo é intermediada através desta dupla: corpo-ego, e estes em movimento.

 

O EGO, A PERSONA E A SOMBRA

Se olharmos o Ego mais de perto, veremos que o Ego é o centro da Personalidade Consciente, mas que também possui dois importantes “componentes”, que são a Persona e a Sombra.

 

 

A persona é um nome dado à “mascara” que desenvolvemos para nos adaptarmos à sociedade. Desenvolvemos papeis para nos relacionar na sociedade, como o papel de pai, mãe, filho, estudante, professor e terapeuta, por exemplo.

 

 

O nome “persona” se refere a máscara usada pelos atores no teatro grego antigo, onde eram tratados os dramas universais do Ser Humano, portanto não eram relativos aos dramas pessoais e individuais.

A máscara ou persona, portanto, era uma estratégia para tirar a pessoalidade do ator dos dramas universais representados.

A persona “mascarava” ou “escondia” as características pessoais que se anulavam diante das características típicas do coletivo.

Nem sempre os personagens que representamos no dia-a-dia correspondem a nossa personalidade.

SOMBRA

Muitas das características que realmente fazem parte da personalidade da pessoa não são bem aceitas pela sociedade, ou não correspondem as expectativas daquele grupo social ou então não são avaliadas como sendo boas pela própria pessoa, que para ocultá-la da sociedade e, muitas vezes de si mesmo, são reprimidas e escondidas na Sombra.

Sugestão de filme que trata do conceito de “Sombra”:

O retrato de Dorian Gray

“Dorian Gray é o tema de um retrato de corpo inteiro em óleo de Basil Hallward, um artista que está impressionado e encantado com a beleza de Dorian; ele acredita que a beleza de Dorian é responsável pela nova modalidade em sua arte como pintor. Através de Basil, Dorian conhece Lord Henry Wotton, e ele logo se encanta com a visão de mundo hedonista do aristocrata: que a beleza e a satisfação sensual são as únicas coisas que valem a pena perseguir na vida. Entendendo que sua beleza irá eventualmente desaparecer, Dorian expressa o desejo de vender sua alma, para garantir que o retrato, em vez dele, envelheça e desapareça. O desejo é concedido, e Dorian persegue uma vida libertina de experiências variadas e amorais; enquanto isso seu retrato envelhece e registra todas as coisas ruins que o corrompem na alma”. 

Fonte: wikipedia

 

CURIOSIDADE

Veja o que diz Ken Wilber (2006, p.162):

“Pouca gente sabe que Freud nunca – nem mesmo uma vez – usou os termos ‘ego’ ou ‘id’. Quando ele escreveu, usou os pronomes reais ‘o eu’ e ‘o ele’. O alemão original é literalmente ‘o eu’ e ‘o ele’ (das Ich, ‘o eu’, e das Es, ‘o ele’).

Strachey decidiu usar as palavras latinas ‘ego’ e ‘id’ para que Freud parecesse mais científico. 

Nas traduções de Strachey, uma frase pode ser:

‘Assim, analisando a percepção, vejo que o ego tem certos impulsos do id que o perturbam e o irritam’.

Traduzindo assim, tudo se resume a um monte de especulações teóricas.

Contudo, a frase verdadeira de Freud é:

‘Ao analisar minha percepção, constato que meu eu tem certos impulsos do ele que perturbam e irritam o eu’.

Como eu disse, Strachey usou os termos latinos ‘ego’ ou ‘id’ em vez de ‘eu’ e ‘ele’ porque achou que isso daria a Freud uma aparência mais científica, ao passo que o que essa decisão fez foi obscurecê-lo completamente, o brilhante fenomenologista do self renegado”.

WILBER, K. (2006). Espiritualidade integral: uma nova função para a religião neste início de milênio. São Paulo: Aleph.

 

 Prof. Lino Azevedo Júnior

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